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Mais do que por honra: Porque os Leafs devem retirar o número utilizado por Sundin

sábado, 16 outubro 2010 Deixe um comentário Go to comments
TORONTO - OCTOBER 3:  Mats Sundin #13 of the Toronto Maple Leafs stands for the National Anthem before the game against the Ottawa Senators at the Air Canada Centre on October 3, 2007 in Toronto, Ontario. (Photo by Dave Sandford/Getty Images)

Dave Sandford/Getty Images

Matéria traduzida do site Bleacher Report.

Atrás no placar por um gol, com somente dois minutos restando no último período. O nervosismo é sentido no ar do Air Canada Centre, com os fãs sentando na pontinha de seus assentos. Com o relógio chegando próximo de zero, os espectadores tornam-se ansiosos, o mesmo pensamento passa pela mente de cada um no recinto: Dá o puck para ele!

Não é segredo para ninguém, e quando o puck está em poder do melhor Maple Leaf de todos os tempos, indiscutivelmente, você sabia que ele faria o seu trabalho, como fez tantas vezes. A expectativa estaria lá, de que quando chegasse o momento decisivo, não havia ninguém melhor do que o capitão.

Capitão clutch (algo como capitão conexão – embreagem na tradução pura e simples – alguém que faria a conexão com o gol adversário). Mats Sundin.

Assim é como costumava ser em Toronto, quando o jogador que permaneceu por 11 temporadas com a inscrição de Capitão (C) no peito (e 13 como membro da equipe) marcou sua passagem na história dos Leafs, por incontáveis vezes, na sua trajetória para obter o status de lenda num time que não possui escassez de heróis.

Aposentado e morando na Suécia, Sundin não mais atua como o líder de toda uma cidade. Não se pode mais contar com ele para marcar o gol de empate ou da vitória. Ele não pode mais criar jogadas memoráveis numa cidade que respira todas as jogadas de seu amado time.

Ele não é mais um membro dos Maple Leafs, e mesmo assim merece receber o agradecimento por tudo o que ele fez, como já é de costume nos esportes profissionais. Mas Sundin merece mais que ter seu número erguido ao teto do Air Canada Centre em sua honra (já que os Leafs não costumam retirar seus números), ele merece uma honra que nenhum outro jogador dos Leafs recebeu antes dele.

Os Leafs necessitam retirar o número 13, assim não somente ele será lembrado para sempre, mas nunca mais será usada por outro jogador na cidade. Ninguém será comparável ao capitão.

Ele jogou em 981 jogos pelos Leafs e deixou o time como o líder da franquia em inúmeras categorias ofensivas; incluindo pontos (987), gols (420), gols em vantagem numérica (124), e em desvantagem numérica (23). Além disso ele é o segundo (atrás de Borje Salming) em assistências (567) e plus/minus (plus 99).

Ele também deixou sua marca como o jogador que mais decidiu partidas com as camisas dos Leafs, com 79 gols da vitória para o clube, incluindo 15 gols na prorrogação, o recorde da NHL. Sundin também possui o recorde em gols da vitória numa mesma temporada com 10 gols (2003-2004) e gols na prorrogação com quatro (1999-2000).

Sundin é o europeu que mais serviu como capitão na história da NHL e o que tem mais pontos, gols, e assistências na carreira, marcados por um jogador Sueco, fazendo dele um herói não somente em Toronto. Com suas nove convocações ao time das estrelas (All-Star), ele ganhou a admiração e respeito merecidos durante todo o tempo em que jogou.

Se nos basearmos somente nas estatísticas, Sundin é claramente o maior Maple Leaf de todos os tempos. Como uma franquia que já foi liderada por um número incontável de líderes, muitos na cidade não aceitam nomeá-lo como o maior capitão que a equipe já teve, assim como melhor jogador de todos os tempos.

85408908_crop_358x243 Dave Sandford/Getty Images

O fato dele ser europeu foi sempre motivo de especulação como uma das razões pelas quais ele não foi tão amado e aceito como outros jogadores, nos primeiros anos como capitão. Outros atribuem o fato de que se ele não ganhou nenhuma Stanley Cup durante o período em que foi capitão, ele não merece ser considerado como o melhor.

Claro que também tem o fato de sua saída conturbada em 2008, algo que feriu sua imagem.

Depois de afirmar muitas vezes que ele não deixaria o time no meio da temporada, desconsiderando sua cláusula para não ser trocado, o contrato dele com os Leafs expirou em 1 de Julho de 2008. Após receber ofertas de vários times, ele decidiu assinar com o Vancouver Canucks em dezembro, deixando a franquia da qual fez parte por 13 anos.

Os fãs de Toronto ficaram chocados, e também bravos por ele ter deixado o time, sem ter proporcionado aos Leafs receberem outro jogador em uma troca. Com isso ele foi do líder da equipe à última pessoa a ser falada na cidade.

Houve então o retorno a Toronto em 21 de fevereiro de 2009, quando houve uma recepção emocionada ao antigo capitão, mas ninguém sabia o quanto seria emocional, até que ele pisou no gelo.

Após ouvir algumas poucas vaias e gritos durante o jogo, num intervalo comercial, os Leafs colocaram no telão uma montagem em vídeo com vários momentos da carreira de Sundin nos Leafs. A atitude dos torcedores mudou, todos aplaudiram Sundin em pé. Os aplausos duraram alguns minutos, com os árbitros retornando e dando continuação à partida, com Sundin claramente emocionado e se esforçando para não chorar.

84967227_crop_358x243 Dave Sandford/Getty Images

Foi quando ele soube que seria sempre amado na cidade. Foi quando os torcedores do Toronto mostraram toda sua classe e apreciação para o homem que fez muito por eles durante a carreira.

O jogo continuou e foi à prorrogação e, finalmente aos pênaltis. E, com os dois times empatados, claro que o último jogador a chutar foi ninguém menos que Sundin.

E então ele foi, em pé no centro do gelo, na cidade em que ele havia sido considerado como um herói por tanto tempo, todos os olhos estavam agora sobre ele, e ele estava com uma camisa diferente e tinha a chance de marcar o gol da vitória para outro time que não os Leafs.

E da mesma forma que os fãs acreditariam nele vestindo uma camisa dos Leafs, todos sabiam que ele marcaria o gol. E foi o que ele fez. Quando o jogo tem que ser decidido, Sundin sempre decide.

E foi exatamente o que ele fez, marcando um gol com um movimento já patenteado por Sundin, que todos já haviam visto muitas vezes em Toronto.

Sundin foi eleito a primeira estrela da noite e quando veio ao gelo, após o jogo, para se despedir da cidade pela última vez. Ele acenou e jogou beijos à cidade que agora não esconde mais o amor que sente por ele. Lágrimas rolaram por sua face com os fãs gritando mesmo após ele deixar o gelo.

Ele anunciou sua aposentadoria em 30 de Setembro de 2009, na Suécia, onde ele reside hoje.

Ele não assinou imediatamente com algum canal esportivo, como tantos outros jogadores fazem. Ele também não utilizou o seu nome para conseguir um emprego na administração de algum time da liga.

Ele simplesmente se aposentou. Algo que os grandes jogadores não costumam fazer.

Ele havia sido o centro das atenções por tanto tempo e depois de concluir seu trabalho, depois de fazer tudo o que requisitaram dele, ele simplesmente deu um adeus e foi para casa.

Ele não pulou do navio em Toronto. Ele não os abandonou e tentou ganhar a Stanley Cup em outro lugar. Quando ele deixou o time, o navio já havia afundado ao redor dele, não havia mais nada que ele pudesse fazer e ele merecia a chance de ganhar a Stanley Cup. Os fãs de Toronto, mais do que ninguém, deveriam entender isso.

E agora que Dion Phaneuf é o novo capitão dos Leafs, dois anos após a saída de Sundin, é o tempo do ex-capitão receber o que ele merece. Não apenas uma placa e uma cerimônia. Não apenas seu número subir ao teto em honra de tudo o que ele fez. Não, Sundin merece ser o primeiro Maple Leaf na história a ter seu número retirado. Nunca sendo usado novamente.

Por 13 anos ele foi o coração e alma dos Leafs.

Somente fica um último agradecimento, por ele ter sido quem foi, ter feito o que fez e sempre ter sido correto e um exemplo, para os fãs, o time e para a comunidade de Toronto.

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